Engraçado como ainda tantos anos depois
Léguas e décadas nas mais variadas e diferentes
Arquiteturas de sonhos construídos em distantes faróis
De um tempo em que as utopias brotavam crentes
Tantos vazios e castelos e eu ainda volto ao mesmo lugar
Sentado sobre as pedras deixando que o mar me molhasse
Uma criança espirrando água e correndo pra eu não ralhar
Acho que tentava me fazer sorrir ou será que já era um passe?
As pedras continuam lá fui eu que segui achando que ia passar
O mar encontrou um jeito de me achar e dizer oi ainda sou eu
Até que um dia eu vi as portas que se abriam sobre todo esse mar
E aí eu entendi como chegavam as estrelas elas não vinham do céu
Eu queria encontrar a paz que dizem existir dentro de meu coração
E quando eu falo sobre a paz falo sobre as tormentas dentro de mim
Eu queria mesmo que adormecessem essas paixões esse velho vulcão
E volto as pedras inspiro a maresia sonhos parem deem logo um fim
Não importa o que eu faça tudo que eu tento se perde no fundo do mar
E acabo aqui nesse lugar sobre as pedras teimando em voltar a acreditar
Esqueço tudo que aprendi sobre a ingenuidade dos sonhos de uma criança
E volto breves instantes num tempo que nunca saiu de minha lembrança
Deus abençoe nossa teimosia
Bandolins sempre será uma dessas pedras
Carlos Correa