Altofe

Andante Solitário

 

Andante Solitário 

 

Ando pela praia

para lembrar.

A cada passo,

por onde passo,

eu reconheço

o nosso lugar.

 

          Vago pela espuma           

buscando o que perdi,

não quero esquecer,

e quando fico desorientado

 procuro sempre

o lugar onde te conheci.

 

O tempo passa,

a cada semana

a lembrança semeia,

não quero pensar.

Quanto mais eu fujo

mais eu retorno

ao meu refúgio

perto do mar.

 

Minha mente chora

com gosto da maresia.

Meu coração arde

no sal das ondas,

é uma ferida aberta

que não quer curar.

 

Abro os braços,

e para as águas

eu grito,

grito sim,

choro e grito

pra dentro de mim.

O soluço é abafado

pela imensidão.

Me aperta no peito

uma dor sem fim,

não há remédio para desilusão.

 

Estou devastado,

nem todo o oceano

mata minha sede,

e caio ajoelhado.

A saudade não some.

Mergulhado em tristeza

a doença com nome

abate meu ser,

 solidão, que me faz sofrer.

 

Meu andar pesado

deixa profundas pegadas

na infinita areia macia.

Fica marcado o meu caminho

em direção ao final do dia.

Assim ando sem pressa,

ao som do mar,

tornei-me um andante solitário

que nunca deixou de te amar.