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Elfrans Silva

PIERRÔ! AMOR ALÉM DA FOLIA

PIERRÔ! AMOR ALÉM DA FOLIA 

Quanto sorriso, óh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão 
A tarde vira noite, a noite vira dia
Colombina atenta num só folião 
Sedutor, malandro, brincalhão 
Afável, transpirando galhardia 
Insinua com voz de cortesia 
Revelando quenturas da paixão 
À toma num beijo, de simpatia 
E na folia rouba-lhe o coração 

A bela jovem desperta o amor
Do moço gentil e honesto, Pierrô 
Sofrível, omisso, pacato, sonhador
Que retém nas suas mãos u\'a flor
De tantas que colhera pra menina 
Se percebe, no salão, o seu odor
Capaz de ser maior que seu temor 
De saberem de ser ele o autor 
Das cartas escritas com assaz ardor
Que escondera por ferida a estima 

Arlequim se mostra insolente 
Colombina, festiva, inteligente 
Quer viver o amor contraprudente
Em que a vida real é divergente
Da vida irreal qu\'ela pressupõe 
Dura nada o amor de fantasias 
Se esvai quem se apega à magias
Têm-se fim belas noites, belos dias 
Quando quebram-se as alegorias 
E, nem sempre, o tempo as recompõe 

Colombina sente sua frustração 
Da escolha infeliz, na ocasião
Que seguira impulsivo coração
Preferindo viver mera ilusão 
Por um algo que não pôde lhe prender
Descobrindo entre seus achados
Um amor, escrito e apaixonado
Nas cartas cheirosas do passado
De alguém que amava-lhe, calado
E bem podia seu amor reacender 

Reencontrando seu admirador
Prometeu-lhe sua vida justapor
Descobrir-se, de novo, no amor
Sob a sombra do antecessor 
Fez promessas sutis e labiais
A moça volúvel, segue, todavia
Contando as horas, meses e os dias 
Reza, quem sabe, até por simpatias 
Que não tardem os dias de folias
Pra rever Arlequim nos carnavais 

            (Elfrans Silva)