Jose Kappel

Vida de Rolar



Se ando de permeio com as pessoas
é porque delas preciso,
mas nem todo mundo está disposto
a trocar uma palavra
ou dividir um pão.

Se caminho só, é porque este
é meu caminho.
Mas por que duvido tanto de
minhas trilhas?


Alguns estão prontos e passados,
outros desalinhados e sem parentes.

Duvido de meus caminhos
porque outros não tenho
e se tive, não sei.

Vida de rolar e esperar,
vida de caminhar e procurar.

Mas que tal outra vida
pra te consolar?

Mas vá achar outra vida!

Não existe outra vida igual a sua
ou a que, por um minuto,
a suporte.

Se você é grande é porque
nem sempre é forte.
Se é forte, chora,
ao ver despedaçar seu ninho.

Se há um fim do mundo
é lá que habito.


Tem de tudo.
Tem até horas pra marcar
e gente, cansada, pra conversar.

Procure seu fim de mundo
ele mora em você
como é certo que amanhã,
no meu jardim, nasce mais uma flor.

Neste fim de mundo de avenidas
fóruns, condenados, artilharia de
homens e uniformes pesados, tem de tudo.

Mas não tem amor.
Tem restos dele.

Mas se você procura você mesmo
encontra no fim do mundo.

Ele está dentro de você
e toda hora clama:
Vem, vem para o meu mundo
é lá no fim, mas é outro mundo.

Outro mundo que você não chora
e nem arde.

Onde você encontra e não perde.
Onde você é você - ou sua
imagem no espelho que tem
duas faces.


A mal entendida - que é a minha.


É a a outra sombra, que tem premência  de amores.


É o que sonho todos os dias.


E me perco em dois mundos,
em dois fins
e poucos começos.

E minha vida se torna bólide de caos,  mas deixo rolar.