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Cônjuges

 

Cônjuges

 

Não encontro mais o brilho do teu olhar,

O tempo passa, nossos corpos mudam,

desaprendi o jeito de te encantar.

Meus versos amargos perderam a emoção,

nos frios lençóis nunca mais nos encontramos,

esquecemos do tempo em que nos amamos,

e o desejo se perdeu nesse velho coração.

 

O amor que sentíamos virou compaixão,

não temos mais os aventuras de domingo,

nem as brincadeiras safadas de colchão,

ainda busco seu abraço fraterno,

vivemos uma vida com muito carinho

porque somos companheiros eternos.

Nossas linhas que se cruzavam no caminho,

agora são infinitas e estreitas paralelas,

que até entortam, mas não se separam,

continuam próximas para não ficarmos sozinhos.

 

A rotina determina o ritmo da vida,

deixastes de ser a minha paixão,

agora és a minha querida,

te amo como se fosse um irmão.

Sou como o cachorro velho,

deitado na soleira da porta,

fiel e sempre ao teu lado,

enquanto nossa amizade ao tempo resiste,

e o peso dos anos ainda nos suporta.