Alvaro dos Reis

Enigma

 

 

Se eu dissesse que teu corpo é o mar

Onde desejo exorcizar os meus anseios

e naufragar no fundo dos teus horizontes

deixando as tuas ondas conduzirem o voo

tal a folha seca que abandona o trono

para morrer em suas aventuranças conquista

ainda saberias que é o amor que te revelo?

 

E se eu dissesse que meu mundo inexistia

E no vazio da minha existência

No cosmo das galáxias da via-láctea

Eu era o pó flutuando  os espaços

De uma eternidade atemporal  no burraco negro

E que o fôlego por ti me foi concebido

Entenderias que és a razão da minha sobrevivência?

 

E se eu te olhasse intimamente

E rasgasse as vestes da tua alma

Sem palavras

E tu reparasses na minha face

Como quem contempla a tranquilidade das águas

E eu permanecesse mudo

Ali, diante dos teus olhos

E sorrisse timidamente

Como quem ganha o mundo

Será que compreenderias o tamanho do meu amor por ti?