Já não conto os dias em sóis poentes
Vão-se longe os de minha juventude
Muitas memórias já ausentes,
Páginas sem completude
O tempo não nos deixa impunes, na vida
Passamos por ele e ele por nós, e assim
Acarinhando flores em entradas e saídas
Vamos plantando cada um, seu jardim
Palavras do sábio Salomão
\" Toda vaidade é correr atrás do vento
Tudo que se faz acaba no chão
Tudo só acontece no certo momento\"
Chegar ao fim sentindo-se vencido
Uma árvore, sequer, plantada
Ou um verso na alma, concebido
É como não se ter vivido nada
Olhando a inutilidade da luta
Travada, antes de tudo, comigo
Muitas vezes perdi a disputa
Minh\'alma ferida não viu abrigo
Recordo o frescor da juventude
Na imagem pelo tempo amarelada
Numa realidade que não me ilude
A idade terceira, na foto revelada
Não vou desdenhar a velhice
Se vir rugas e cabelos brancos
Sinais que, alguém já disse,
São marcas da vida, solavancos
Quando o espelho desvendar
No reflexo, as tais mudanças
Sem outro jeito, vou aceitar...
Com saudades de minha infância