Ficou alí, encolhida num canto
Seu olhar manco, recusava-se passear pelas paredes sombrias - nada do que ali existia lhe traria acalanto. A única música que ouvia… o soluçar de seu próprio pranto. Conhecia cada centímetro daquele cômodo, cada grão de poeira que insistia em sinal de asneira, permanecer por alí, até que terminasse seu desencanto.
Fim de tarde, fim de coragem...Sentia como nunca o cansaço da viagem - permitia-se a inércia, ainda que de passagem.
Um pensamento atrevido se manifesta… Onde, foram parar as alegrias? Caminhas agora sozinha, és a sombra de ontem, dos dias de folia constante… E a melodia persistia...audível, mais intensa que antes…
Sentiu pena do mundo, pena de si, por um ínfimo segundo volta ao útero, alí encolhida reencontra tudo o que precisa. A vida...
Ema Machado.