Evaldo Pereira!

POESIA IMPLÍCITA

Havia uma casa deteriorada pelo tempo

 

As paredes que já foram brancas estavam amareladas e rachadas

 

O telhado estava despencando, mas havia fumaça saindo pela chaminé 

 

Não haviam portas ou janelas abertas, mas havia um calçado na entrada

 

O quintal era enorme, a cerca era de taquara e rodeava boa parte do terreno

 

Muitas folhas das antigas árvores estavam espalhadas ali, embora houvesse uma vassoura com o cabo quebrado escorada no vão da entrada, já sem portão 

 

No meio do quintal havia uma bola, vazia, aparentemente furada, mas havia uma bola

 

Em frente onde um dia havia um portão tinha uma estrada sem calçamento e margeada por mato alto e árvores, era verde para todo lado 

 

Por trás da casa, havia uma colina com poucas árvores, na verdade, uma aqui e outra ali, dando um ar poético à paisagem que dialogava com a solidão gritante daquela habitação 

 

Tudo ali era tão poético,  tão triste,  tão feliz, tão sem vida e tão vívido

 

Tudo ali era tão pouco e tão muito.