MARQUISES DA VIDA
Deitei-me no velho papelão,
Agasalhei com jornais, meu coração.
Você passou e nem mais se lembra
O quanto eu padecia
Naquela madrugada fria
Enquanto você sonhava em sua cama macia.
Talvez minha inocência
Seja o meu querer:
Ser uma pipa
Para voar bem alto
e morar lá nas nuvens de algodão
Bem pertinho do céu,
Para os anjos aquecerem meu coração.
Ah, se ao menos eu tivesse
Uma fada madrinha
Ou um lar com ternura e carinho,
Mas só tenho o desprezo
De quem não sabe o que
Eu padeço.
Mas no silêncio das noites frias,
Entre sombras e melancolia,
Ainda me resta uma esperança
Por dias melhores,
De alegrias e bonanças.
No calor dos jornais, encontro abrigo,
No voar da pipa, um sonho antigo.
Na solidão das noites, peço em oração
Por um lar de afeto, ca
rinho e de proteção.
C.Araujo