Charles Araújo

MARQUISES DA VIDA

 

MARQUISES DA VIDA

 

Deitei-me no velho papelão,  

Agasalhei com jornais, meu coração.  

Você passou e nem mais se lembra

O quanto eu padecia  

Naquela madrugada fria 

Enquanto você sonhava em sua cama macia.

 

Talvez minha inocência  

Seja o meu querer:  

Ser uma pipa  

Para voar bem alto 

e morar lá nas nuvens de algodão 

Bem pertinho do céu,  

Para os anjos aquecerem meu coração.

 

Ah, se ao menos eu tivesse  

Uma fada madrinha  

Ou um lar com ternura e carinho,  

Mas só tenho o desprezo  

De quem não sabe o que  

Eu padeço.

 

Mas no silêncio das noites frias,  

Entre sombras e melancolia,  

Ainda me resta uma esperança  

Por dias melhores,  

De alegrias e bonanças.

 

No calor dos jornais, encontro abrigo,  

No voar da pipa, um sonho antigo.  

Na solidão das noites, peço em oração  

Por um lar de afeto, ca

rinho e de proteção.

 

C.Araujo