Pedro Feitosa

Casa

Quando você trancar as portas do seu coração,

Quem terá a chave cópia para abri-las?

 

A janela continua aberta e escancarada,

Os raios de sol entram e batem na parede branca e mofada,

Ainda dar para ver aquele velho sofá com apenas uma almofada.

 

Ah, essa casa...

As vezes parece inabitada, jogada às traças e empoeirada.
Mas ainda há beleza na decadência desta morada,

Nas marcas das paredes, da história contada.

 

A janela, portal do tempo e da saudade,

Testemunha de amores, de toda a diversidade.

O vento sussurra segredos do passado,

Enquanto o relógio marca um tempo cansado,

Na sala, a melodia de um piano silenciado.

 

Nas paredes, fotografias desbotadas,

Retratos vividos, de vidas passadas.

A lareira, outrora acesa e calorosa,

Agora guarda apenas cinzas poeirentas, saudosas.

Cortinas desgastadas balançam ao vento,

Como lágrimas de um amor que ficou isento.

 

A janela a se fechar, casa inabitada,

Testemunha muda do tempo que passa,

Reflete a beleza de uma casa que abraça.

Apesar das cicatrizes que o tempo a deixou,

Ainda exala a essência do que já se amou.
E no silêncio, onde a saudade repousa,

O eco das memórias, como brisa, embala a prosa.