Evaldo Pereira!

SABER BRINCAR

No meu tempo, era bom brincar, diferente de hoje, que surgiram tantos termos que as crianças não podem nem respirar. 

Os meninos corriam pra lá e pra cá, era pique-pega, pique-esconde, pique-alto. 
Tanta brincadeira, ish, que nem consigo lembrar, mas era brincadeira de verdade que fazia suar. 

Brinquedo, poucos podiam comprar, e quem não podia, fazia de madeira, de lata... isso sim, era reciclar. 

Pé no chão, pé sujo, machucado... e a mãe a gritar, “menino, passa para dentro que seu pai já vai chegar”. 

As conversas iam até a lua chegar. Tinha mãe, tinha pai, tinha irmão, amigos, todos sentados na calçada a prosear.

Parecia que todos eram da mesma família, vou te contar...
As pessoas eram mais unidas, dava para notar. 
A tia do meu amigo vinha de longe, passear, eu ficava tão feliz que parecia que era a minha tia que ia chegar. 

Mas, já é de hoje que inventaram o tal do celular. 
Antes era só para ligar, mas hoje dá até para navegar. 

Os meninos já não correm pra lá e pra cá, é um tal de “mamãe, eu quero jogar”

E, eles pensam que isso é brincar, na verdade estão a se enganar. 
Os pais entregam o celular é para ocupar o coitado do menino e vê se ele fica para lá. 

Ah, os meninos de hoje não sabem mesmo o que é brincar. 
Os pais não sabem educar. 

Pensam que descobriram a maior invenção que há, o tal do celular que para eles funciona como babá.