Arlindo Nogueira

SER OU ESTAR

Ela é o ser do ventre da relva densa

É livro que está aberto entre flores

São páginas lidas pelos beija-flores

Encantam e cantam seu amanhecer

O chilrear na cimeira natural saber

Que ressoa na franja do vale verde

Ela se acorda com o eco na parede

Do som poético que invade seu ser

 

Ser é sentido de existência humana

Estar expressa o lugar dessa pessoa

Talvez por aí no ar ou no mar à toa  

Tal qual a sereia com seus encantos  

Magias das águas de risos e prantos 

Coração alado pulsando dentro dela

Quero ser teu anjo e estar na janela

Ser teu ser pra você ser outro tanto

 

Foge a estrela no romper da aurora

A cortina do dia se abre em desvelo

E os raios de Sol cinge seus cabelos

Imaginando ouro em linha de retrós

Esvoaçante ser semelhante albatroz

Tens olhar perspicaz no ser e estar

Que voam seus fitos na orla do mar

Translinear das ondas nos caracóis

 

A magia não é estar mágico é ser

É ser embebida pela água do mar

É ser a flor do beija-flor o néctar

É ser do vale verde seu relampejo

Estar aqui ou ali e causar desejos

O estar é hoje e ser é permanente

Ser é alma estar é corpo presente

O estar é a boca e o ser é o beijo