Éramos quatro; Pedrinho, Tonico, Lucas e eu, desde novinhos muito unidos.
Mais crescidos, as bicicletas já corriam mais, já não tinham rodinhas, aprendemos ler e escrever e aprendemos a fazer gol.
Éramos quatro, chegávamos da escola e tínhamos a tarde inteira. Falávamos sobre tudo... filmes, músicas, futebol, garotas e o que cada um seria ao crescer.
Havia uma colina de onde observávamos uma vila do outro lado.
Pedrinho gostava de criar histórias sobre as pessoas que passavam pelas ruas de calçamento da vila, Tonico sentava-se na grama e escrevia poemas, Lucas retratava a vila em pedaços de papel e tinta guache, eu os admirava e dizia pra mim mesmo que tinha amigos incríveis.
Éramos três; Pedrinho, Tonico e eu.
Esperávamos a folga do fim de semana para subirmos a colina. Pedrinho continuava a criar histórias e Tonico escrevia seus poemas. Eu levava a lembrança de Lucas, assim, ele estava sempre presente, embora sentíamos falta de suas pinturas.
Éramos dois, Pedrinho e eu. Merecidamente aposentados, continuávamos subindo aos fins de semana. Pedrinho criava histórias apontando às pessoas lá embaixo. Eu ouvia e achava graça, olhava para o outro lado na certeza que Tonico e Lucas também estavam ali, mas não estavam... nem as pinturas, nem os poemas.
Agora, eu subo só... observo a vila e lembro das histórias de Pedrinho, dos poemas de Tonico e das pinturas de Lucas.
Quanta falta fazem meus amigos incríveis.
Mas, agora eu subo só.