BRUMADINHO 270 MORTOS
Para a Vale,
nada vale.
No Córrego do Feijão,
havia tudo que eu tinha,
perdi amigos,
perdi a casa,
meu canarinho,
meu pomarzinho,
minha vaquinha,
meu banho de rio,
perdi meus peixes,
perdi meu rio,
o Paraobeba morreu,
perdi minhas raizes
na lama assassina.
270 vidas ceifadas,
na lama soterradas,
sonhos desfeitos,
levados nos rejeitos,
da insensível Vale,
a vida nada vale,
no lixo da Vale.
Morreram da lama,
morreram na lama.
És pó e ao pó voltarás,
por que a lama?
Terrível drama!!!
25/01/2019- O rompimento da barragem em Brumadinho-MG
Autor: Benedito Morais de Carvalho (Benê)
Livro: A poesia da calçada não vende ilusão
Scortecci Editora (2020)