Carlos Lana

mundo novo, é agouro: eu fujo

Voltei,
não tendo ido a lugar algum
Mesmo que eu nunca esteja aqui.

É 
Eu sou uma incongruência lógica,
um inconveniente pouco prático

Eu vou e volto
e você me olha no fundo dos olhos
Procurando neles pista mísera do que te digo
A quem bem diga meus pesares 
E nos alhures e algures 
inexiste no primeiro e no segundo
se torna realidade crua e me toca
não importa quanto eu fuja

Procuras
no brilho da lágrima que flui afora
Aflora a supérflua de motivo \"superfícios\"
Fictícios.
E vaza e corre e some 

Tu e ela
na procura dos motivos do teu correr
E bem me ame, mal me diga
Não me chame, se procuras rastro de culpa
Infame derrame dispendioso, eu dispenso

É agouro
Não, não me ame em teu chamado, acalentado
Numa voz que se entremeia ao embargo da razão 
E dela logo larga as mãos e em retrospecto
Se retroativa e mantém o teu ciúme 

Esse teu medo.
Estampado, o meu segredo?
Voltei aqui, mesmo que nesse objeto simbólico
Representativo de espaço no agora
Eu mesmo estivesse, colocado
Bem aqui

Mesmo que acerca do motivo que procuras
Não o encontre a vista, na matéria rente a mim
Bem aqui, e esse objeto próprio
Representativo de mim mesmo para sempre
E só serei eu mesmo,
Tendo você

Por isso volto e não me vou
Sempre estou, meu bem querer