SONETO DA SAUDADE INFINDA
Contemplo o mar: a cúpula azul- prateada
Reflete sobre mim sua luz infinita;
O coração, em lasso vai e vem, palpita
Tal qual as vagas vão e vêm na marulhada!
Perdido na vasta imensidão estrelada
Pergunto-me: Haverá no céu que me fita
Alguma coisa além da beleza que o habita?
Algo mais que esclareça a árdua caminhada?
Se nada mais existe que não for matéria,
A deslumbrar a vista em paisagem etérea,
Que mistério é este que a razão trespassa?
Onde nasce esta luz que me resplende agora?
De onde vem esta canção que do mar aflora,
E que saudade é esta que a minha alma enlaça?
Nelson de Medeiros