Estou à beira do abismo, diante desse caos que vive dentro de mim.
A vida não me dá chances de respirar um ar puro e nem profundo
Falta algo em mim que nunca irei encontrar aqui
Tento sorrir para o meu interior e vejo só o vulto dos lábios ressecados
Sem expectativas alguma de seguir rumo a um lugar bonito
E me vejo diante de um túmulo onde eu próprio cavei para sumir
E com toda essa façanha de que, no “amanhã” eu faço
Acabei entendendo que já estou na minha derradeira partida
Onde os sonhos de ser feliz se rasgaram diante do meu próprio espelho
E o meu arcabouço de um ser solene, aguarda a hora do seu momento de partida
E, apesar de nunca mais chegar a lugar nenhum
Sou forçado a me jogar do derradeiro andar sem paraquedas.
E aterrisar num abismo onde, a luz no fim do túnel seria a própria janela da morte
Onde adormecerei com todos os meus sonhos e virtudes
Não me sinto mais, meus pulsos já não me respondem, meu respirar está falho,
Descansarei arrependido por não ter feito outras coisas mais,
E diante disso tudo, o caos já não me perturba mais
Porque, no abismo em que estou, só restou eu e a permanência da dor,
Onde, todos os dias, ela vai me dilacerando fio a fio
Até chegar aonde o meu ser não vai suportar mais o frio da noite
E nem o nascer do sol me trará alegria de viver mais um dia,
O abismo mostrou que eu cheguei o mais fundo
Sem ter a certeza de que, nunca iremos chegar à ponta do iceberg.
Estou sem ar, me despedirei daqui sem nenhum sonho vivo,
Pois, já estão todos enterrados com a minha própria existência.
Estou no fim do abismo, diante deste caos que morreu dentro de mim.
15 jan 2024 (13:11)