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Jonas Teixeira Nery

Um homem, uma mulher

Entre equilíbrios precários e uma paz transparente,
deleitava-me ao teu aconchego entre sombras disformes,
nesse silêncio hostil, onde só um cão raivoso ladrava. 
Derradeira claridade do dia anunciava uma noite febril.

Entre frases murmuradas e um precário equilíbrio,
entre sombras disformes e decompostas, deleitei-me. 
Percebi um aconchego confidencial e uma lua triste,
tão próximo dos teus afagos e da tua boca, deixei-me ficar!

Essa paz aparente, inundada com teus olhos negros,
olhos de mormaço e desejo, desnudava-me, afogueava-me.
Anoitecia lentamente! As cigarras estridulavam em coro!
Eu, órfão de afeições, tinha um corpo tenso, cheio de volúpia...

O amor cantou em todos os versos e emoções...
A lua baldeava uma luz misteriosa entre suspiros profundos,
nesse aconchego confidencial, nessa ansiedade suplicante!
Beijos ardentes, beijos tímidos, beijos tantos, ruborizava-nos.

A noite chegou completa, enchendo o ar de doces murmúrios.
Uma noite difusa, entrecortada de pausas e reticências. 
Uma noite indulgente para dois amantes sequiosos, entre ardores!
Deixei-me estar enfeitiçado, afagando a frescura da tua pele.

Impregnado daquele odor que inundava nosso quarto, ousava!
Famintos, descarados, nossas mãos vagueavam em loucuras. 
Ávidos, necessitados, cheios de cobiça, assim ficamos escandalosamente.
Amanhecemos entre cheiros, entre vícios, entorpecidos dessa loucura...