OUTRO CONCEITO
Nem só de emoções
é feita a poesia
Até que pode ser sonho
E passar na fantasia
Mas também
é realidade.
Não é prisão
É liberdade.
Não é somente
cantar amores
Nem apenas
admirar as flores.
Seja tudo isso
Mas seja também
O sorriso
O choro
As dores.
Tenha ela a paz de anunciar e a ousadia corajosa de denunciar.
Não é pois só cânticos,
Embalada pela ode lírica dos românticos.
Se é a melodia dos corações amados
E a música suave
dos amantes
É também o grito e o choro dos abandonados
E a silenciosa dor
Dos que nas sarjetas estão agonizantes.
Não é pois ela,
Tão somente
o lirismo das paixões
Qual música de cítara angelical.
Antes também seja a denúncia das falsas ilusões onde o bom não se confunde com o mau.
Se o poeta se preocupa somente com sua dor
Ou só descreve suas líricas emoções
Não entendeu
ainda o amor
Pois o que lhe prende
são as algemas das suas próprias sensações.
Não é só sentir
O aroma
das flores jardineiras
Porém, é também ver abrir as que estão esquecidas na vida
E nas lixeiras.
Mesmo que ela cante os amantes e seus amores
Mesmo que pinte
a paixão de muitas cores
Jamais será poesia
Se esquecer o homem
e suas dores.
E não somente a dor do amor que dilacera o peito
Mas a dor
em outro conceito
A dor dos abandonados
dos esquecidos
e injustiçados.
Que o Poeta de tudo cante
A natureza
A alegria
A felicidade
A beleza
O amor e o amante
Mas também cante
Os humilhados
Os pobres
Os dilacerados
Que estão não vida perdidos
Que estão
na vida jogados!