Vastos vazios …
Ema Machado
A solidão dança acariciando gaiolas frias
Pássaros perdem o ar
Já não ostentam mais asas
O silêncio é melodia culta
Já não sabem gorjear…
Olhos secam a frente de telas
Distorcem a visão possível de uma existência real e bela
Criada a ilusão que doma mentes
Realidade é coisa incômoda e incrivelmente dura para gente
E o céu, é difícil de alcançar…
Ontem, voava- se atrás de sonhos
Construía-se pipas, era lindo maneja-las tendo os pés no chão
Na gaiola de portas abertas
Entrava o calor de abraços e risos,
Do aperto de mãos solidárias Pássaros em doação
Em frente às telas, o corpo é perfeito, a fala jaz nas pontas dos dedos, nem sempre saem do coração
E nas ruas entupidas de atropelos
Cultiva-se sem zelo falsa ilusão De que nada pode faltar
Além do que o dinheiro compra…
Amor, é só uma palavra confusa
Não se cultiva, se leva escrita em uma tela ou apenas se usa
Superficial, é abrir o coração…
A solidão é companhia, acari
cia gaiolas e pessoas vazias…