Godhici Reverie

O Prisioneiro das Mágoas

Estou preso neste passado de astenia

Sou o prisioneiro das mágoas infindas

 

Quero libertar-me desta horrenda quimera

A consumir-me, a fatigar-me, já nem vejo a cor

Tampouco sinto o doce perfume da primavera

Ando na mais íngreme vivência sem nenhum vigor

 

E quanto mais eu resisto

Mais intenso se torna meu aflito

Ainda posso ver as borboletas me rodeando

Do céu caem pétalas de rosas sob minha face de pranto...

No entanto...

Absorto em minha sina de agonia

Atônito eu as perco de vista

Cético suas unções não são alento sequer a chave

A destrancar-me deste calabouço mental adicto no padecer

 

Olho tudo a me cercar... Tenho o horizonte vasto de ternuras alcançáveis

Possuo a chaveta em meus palmos a tirar-me destes sonhos deploráveis

Contudo, sentindo-me o mais egocêntrico e putrefato dos indivíduos

Espurco, entreguei-me ao jardim mirrado e vivo neste ambiente lesivo

 

Embriagado, meu caro, pois estou a beira das mais terríficas ruínas

Nesta masmorra onde o tempo não és bem-vindo, ele passa, porém, não é sentido

Isolado a não ser pelas inseparáveis mágoas

Logrado em ideações impenetráveis e escusadas

 

Desatado do pragmático tempo

Aprisionado em enigmático tormento

Pois serei para sempre o prisioneiro das mágoas!