FLOR MACHUCADA
Resiste
Porque não desiste.
Não é bandeira
É lágrima vertida
Correndo no rosto
do trapo e do lixo
Onde a fumaça
É o que mantém tal alma aquecida
e assim não se dá
por esquecida.
E a massa branca
Em vida convertida
Mesmo que a morte corra na veia
já toda enfraquecida
Dá-lhe o orgasmo
Trazido pela pedra
que com seu doce
alivia -lhe a dor
que se faz adormecida.
Resiste
Porque já não insiste
Mas não há nenhum olho que lhe defenda da dura prescrição
E quando há quem alivie-lhe a condenação
Vem-lhe a lei a anular-lhe como preceito
Anula-lhe tudo
E até arrasa-lhe o peito
E então posto em rendição
Entrega-se
Ao bombom
Que antes era apenas bom
Mas hoje é como licor
Pois sua essência faz-lhe atravessar a amargura e a dor
Porque encontra não somente nela
Mas em alguma alma que mesmo perseguida que não se dá por destruída
Nem tampouco por vencida
Mesmo machucando-lhe a flor
Não desiste
Resiste
Visto que nada é maior que o amor!