Manhã de inverno e ventos novos sondam este lugar,
sinto tudo mais perto. O sussurro das folhas traz-me à
lembrança os momentos de chuva já não existentes,
porque tudo passa, porque tudo se desfaz quando já não 
há tempo. A visão do céu sepulta em mim a lembrança 
de coisas futuras ainda inexistentes, mas que só de pensar
fazem-se presentes. Presentes... a vida, aonde quer que seja,
tem de ser filtrada como presente divino; é vida que deve ser
protegida. E você tem de se proteger agora. 
As duas realidades se conectam através dos pincéis velhos 
da visão abafada e da restaurada. Você tem que querer viver.
E sentir, e chorar, e doer, e escrever sobre a neve cristalina. 
Eu vou estar, no final de cada etapa, onde quer que você
esteja. Eu quero estar onde quer que você esteja. Não se 
esqueça: com o passar do tempo alguns são esquecidos, 
outros passam desapercebidos, mas você é raiz-real que fica. 
Se o tempo é como a onda, então um dia ele será levado pela
maré, por isso, viva livremente, deixe as correntes, aprendendo 
a nadar na correnteza, guarde o que é bom e faça-se feliz! 
A vida continua quando não há ninguém lá.
A vida continua quando aquele lugar especial
se torna apenas uma memória. A vida continua 
quando o ideal parece transformar-se numa breve 
miragem. A vida não termina quando se tem medo,
no entanto, ela segue seu ritmo inexorável, de ida.
E qualquer espaço é sentido como casa, se
nele penso no meu lar. E por isso eu quero ser melhor;
quero fazer melhor e seguir essa ida sem arrependimentos, 
para estar onde você estiver – no amanhã. Seguro firme até lá. 
Seguro nesse elo único, como se houvesse apenas o hoje.
Às vezes a lua me diz para continuar perseguindo este 
propósito e então me lembro do porquê estou vivo.
Ouço a contagem regressiva e confio. Na noite durmo 
tranquilo balançando sonhos que ao sentir são reais.
Me abraço forte.