Jose Kappel

Vela de Açores

 

                         

De passagem rápida,

mas não intrépida,

fogosa e trepidante,

mas não tão orgulhosa,

passei,

como um viajante sem pasta,

por onde vivi,

e por onde não

devia tê-lo feito,

pois a história nem sempre

vive parte da gente.

 

E, por isso mesmo,

de metro na mão,

de carapuça duvidosa

na cabeça, resolvi

reviver sonhos

de folhinha comum.

 

 

Um dia que passou meeiro,

medroso,

pois o medo é minha voz,

meu parente primeiro.

 

Fui feliz naquele tempo:

alvo de 7 estrelas,

santo sem parente

 mas de outro sentimento.

 

Passado aquele momento

voltei às minhas raízes

que deixaram marcas,

como se assola a lama

e vinca o chão.

 

Nunca mais quis pensar nisso

pensar dá desgosto,

desprazer no início

e alenta o fim,

com dores e passadiços

de ânsias.

 

Pedregulhos de minha alma!

Refaz o tempo.

 

Diz que não sou eu,

diz que nunca estive aqui

e terei calma.

 

Calma para entender

que um dia estive

em algum corpo.

 

E o vivi tão intensamente

que hoje, largado da vida,

penso como foi possível.

 

Foi possível - e nisso creio -

ária sem voz!

 

Pois, agora, sou

despótico sem reino,

falcatrua de almas

onde só vicejam corcéis

de espírito, sem asas,

colorindo várzeas de açor!

 

Onde. por espulgação,

eles não perguntam,

como vai a vida,

mas,

dizem lá,

como vai sua dor ?