Meu nome é João,
sem mais nem menos,
simples como o roçar
do vento: João.
Não tenho amigos,
tenho o pássaro
que me refaz da faina
e um cão que me amaina
dos holocaustos e
dos vazios.
Levo minha vida
empurrando as coisas
que me esperam
lá na frente dos afoitos.
Não tenho mulher,
nem sonhos de calor,
tenho o cão, o pássaro,
e o soslaio vento que me desagua.
Às vezes sou pálido,
outras, vesgo,
mas sou homem feito
pra ninguém esquecer -
meu nome é João -
Hoje, reflito a vida.
Ela passou no horário
mas não me levou;
me deixou pra sempre
numa pracinha de luzes
de lampião,
sufocado de vazio,
pela mulher
que um dia amou João.