Se eu pudesse dizer em verdade
a representação da vida,
usaria o caos como enredo
e o estrondo, sigla.
Diria prá vida que chorar
é só uma marca da dor
do estrondo divino o pedaço
arrancado – se preciso for.
Prosearia acerca das lidas,
das casas velhas falidas,
de noites mal dormidas;
da teoria de que todo estrondo faz vida.
Se eu pudesse gritar
pro mundo inteiro ouvir,
do som da garganta ouviriam
o estrondo da vida ruir.
Mas como nesse plano
o estrondo nada mais é
que dor sem espaço de volta
pra pequenos estrondos (ruídos) ralé.
Mas se eu conseguisse
mostrar que toda zoada
é estrondo sagrado,
é puxar a boiada,
eu teria a certeza
que um estrondo na mesa
é a vida cantada.