Gustavo Cunha

Solilóquio

Se a ti amo-te mais hoje

 

Do que a ti amei-te ontem,

 

Não é porque tu mudaste,

 

Mas sim porque o meu amor,

 

Dono de toda a intensidade do mundo,

 

Manifesta-se na mutabilidade das horas.

 

Na placidez inquieta dos segundos que se perdem.

 

E nos momentos invioláveis de blandícias.

 

Entretando, o amor é coisa fugidia...

 

E quanto mais tento agarrá-lo com o pulso firme de minhas mãos fortes,

 

Mais ele escapa-me por dentre os dedos como se fosse grãos da mais dourada areia

 

Para refugiar-se no oceano que habita em ti.

 

Nas águas revoltas onde uma nau descuidada aventura-se pela última vez.

 

A perder-se…

 

A arruinar-se...