Carlos Lucena

O SOL DA MEIA NOITE

O SOL DA MEIA NOITE

Na noite escura
Da solidão da meia noite
O Sol nascente
Brilhou tão forte
Do Oriente trazendo a sorte
E a semente que
Brotou da flor 
silenciosa
E amorosa
Esconde a dor.

Na noite escura
Deu-se o trabalho
Deu-se a hora
E o Sol nascente
Sobre o orvalho
Nas palhas frias
Vê -se o escândalo
Anunciado por Izaías 
Trazendo o sândalo
Que nem os vândalos 
com  suas  turbas suportaria .

Na noite escura do tão paupérrimo à estrebaria 
De esterco perfumada 
As estrelas se apagaram 
e só uma reluzia
Pois toda luz agora fora cancelada
E toda dor que a flor ora sentia
Fora agora dizimada!

No entanto, outras dores
No caminho haverá de irromper 
E o Sol que brilhou na noite escura
Em uma tarde
Haverá de se abater
E a flor  em sua pétalas 
sofrerá a amargura 
Que nenhuma outra dor 
Há de conter!

Porém rasgado o véu 
da inclemência
Em um suspiro acender - se outro sol 
Numa luz além da existência
Que além de outras  luzes é também luz de farol!

Porém,  o Sol daquela noite
De brilho solitário
Nos seus ombros
Ja  transportava 
a velha e a nova iniquidade.
E as contas devedoras 
de todo o erário. 
E foi assim que
Que em  um novo calendário 
o Sol da meia noite 
Se fez humanidade!