O SOL DA MEIA NOITE
Na noite escura
Da solidão da meia noite
O Sol nascente
Brilhou tão forte
Do Oriente trazendo a sorte
E a semente que
Brotou da flor
silenciosa
E amorosa
Esconde a dor.
Na noite escura
Deu-se o trabalho
Deu-se a hora
E o Sol nascente
Sobre o orvalho
Nas palhas frias
Vê -se o escândalo
Anunciado por Izaías
Trazendo o sândalo
Que nem os vândalos
com suas turbas suportaria .
Na noite escura do tão paupérrimo à estrebaria
De esterco perfumada
As estrelas se apagaram
e só uma reluzia
Pois toda luz agora fora cancelada
E toda dor que a flor ora sentia
Fora agora dizimada!
No entanto, outras dores
No caminho haverá de irromper
E o Sol que brilhou na noite escura
Em uma tarde
Haverá de se abater
E a flor em sua pétalas
sofrerá a amargura
Que nenhuma outra dor
Há de conter!
Porém rasgado o véu
da inclemência
Em um suspiro acender - se outro sol
Numa luz além da existência
Que além de outras luzes é também luz de farol!
Porém, o Sol daquela noite
De brilho solitário
Nos seus ombros
Ja transportava
a velha e a nova iniquidade.
E as contas devedoras
de todo o erário.
E foi assim que
Que em um novo calendário
o Sol da meia noite
Se fez humanidade!