Há dias em que acordo
com gosto de saudade na boca
e uma azia danada queimando por dentro
Há dias em que acordo
com o sol lá fora me esperando
enquanto espreguiço os medos na cama
Há dias em que acordo
quando os relógios ainda estão dormindo
e o tempo parece ser meu amigo
Há dias em que acordo
cheio de sonhos na cabeça
que levo ao pisar no chão do dia
Há dias em que acordo
no amanhã do ontem
mais uma vez atrasado ao entrar no hoje
Há dias em que acordo
no prolongar da noite e dos calendários
e sou até capaz de me espantar comigo
Há dias em que acordo
e ainda estou surpreendentemente vivo