Elfrans Silva

O CÉU NÃO ESQUECEU DE MIM

O CÉU NÃO ESQUECEU DE MIM 

Morreram comigo todos os sonhos
Quando achei que os podia comprar 
Como se compra objetos quaisquer 
Sem merecer ou então se esforçar 

Pensamentos vãos desalinharam
Nem mesmo temia por meu futuro
Pelo fato simples de nele não crer
Ao hoje abraçado, senti-me seguro 

Investi em desejos, som e barulho
Rodas de amigos, de brincadeira 
O que, algum dia, me dera orgulho
Num de repente tornou-se poeira 

Senti minhas forças se esvaírem
Me enfraqueci pelo muito suor
Atrás de sombras que se moviam
E santos mudos em cima de andór 

Em queda livre, qual folha ao chão 
Um autogiro em turbulência 
Perdendo altura e sem direção 
Sem Torre Controle de referência 

Ao derredor, pavor e destroços 
Sombras de nada, e perto do fim
Um raio de luz no fundo do poço 
Fez qu\'eu olhasse pra cima, enfim 

Na amplitude da escuridão 
D\'um céu vazio, sem luminares
Do infinito breu da extensão 
Estrelas surgiram, e aos milhares 

Havia um azul, vivaz, diferente 
A lua perfez, no espaço, o fascínio  
À mim, que estava, na vida, dormente
O Sol na manhã impôs seu domínio 

Esplêndido céu, a terra e o mar 
Quais descrevi, por versos sem fim    
Como poderia dos tais não lembrar,
Se na minha aflição lembraram de mim?

                 ( Elfrans Silva )