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Arlindo Nogueira

TRANSLINEAR DA VIDA

O tempo quase apagou meu rastro

Sinais de desgasto da sola da vida

Lutas e percalços na estrada puída

O molde dos pés na curva da tarde

Onde pisa e repisa passos de varde

Soslaio da retina numa linda cereja

Onde os pássaros na copa gorjeiam

Em réstias de Sol que na copa arde

 

Troveja um dia no outro esbraveja

O pé de cereja é mirante da várzea

Subindo no tronco eu vejo sua casa

Fito você linda em vestido de chita

Cabelos trançados com tope de fita

Tens a boca doce do sertão brejeiro

O vento do vale evola o seu cheiro

Enquanto você busca água na bica

 

Há chuva de desejo no meu jardim

Lavinas de jasmim vindas de você

Tua vida é um livro que eu quero lê

Nas ondas do mar no barco na proa

Ao ensombrecer em tarde de garoa

Eu quero entende-la e fazê-la feliz

Descobrir teu destino e sua diretriz

No translinear da vida insisto à toa