Antonio Olivio

Florescer

Assombrada de medos na noite,

flor desperta de um sonho de horrores

olha para as sombras dos galhos

os mil  braços que a lua projeta 

 

Incerta do que agora vê 

flor teme que ainda seja o sonho

que lhe invadira a realidade

para roubar-lhe o perfume do orvalho.

 

tenta mover suas pétalas 

e um desespero a torna aflita

sequer um leve gesto consegue 

tudo ao seu redor a assusta.

 

Nem a brisa, sempre companheira

ela pode sentir na pele

as folhas permanecem imóveis 

penduradas ainda nas árvores. 

 

nada que lhe possa dizer

de algum modo 

que a vida ainda está lá 

no jardim e em si ou em qualquer coisa.

 

flor, devagar ergue-se para ver o céu 

medo de que ele também não esteja 

e quando o vê pleno sobre a sua penúria

o abraça inteiro e chora  de alegria

 

e de repente sem saber porquê 

flor pede como em oração 

que estrelas lhe venham,

a  lhe trazer salvação. 

 

que lhe estendam seus brilhos

direto e profundo, no coração 

arrancando e jogando fora

toda a sua aflição. 

 

flor então se acalma

volta a adormecer

e sonha que está pousada

na fonte do amanhecer.

 

Abre os olhos, flor

suas pétalas a se mover

estás viva por amor

veio a manhã a lhe dizer

 

tudo está em seu lugar 

 o medo não te venceu

teu perfume inunda o mundo

tua vida  floresceu.

 

Antonio Olivio 

 

 

 

 

Antonio Olivio