Assombrada de medos na noite,
flor desperta de um sonho de horrores
olha para as sombras dos galhos
os mil braços que a lua projeta
Incerta do que agora vê
flor teme que ainda seja o sonho
que lhe invadira a realidade
para roubar-lhe o perfume do orvalho.
tenta mover suas pétalas
e um desespero a torna aflita
sequer um leve gesto consegue
tudo ao seu redor a assusta.
Nem a brisa, sempre companheira
ela pode sentir na pele
as folhas permanecem imóveis
penduradas ainda nas árvores.
nada que lhe possa dizer
de algum modo
que a vida ainda está lá
no jardim e em si ou em qualquer coisa.
flor, devagar ergue-se para ver o céu
medo de que ele também não esteja
e quando o vê pleno sobre a sua penúria
o abraça inteiro e chora de alegria
e de repente sem saber porquê
flor pede como em oração
que estrelas lhe venham,
a lhe trazer salvação.
que lhe estendam seus brilhos
direto e profundo, no coração
arrancando e jogando fora
toda a sua aflição.
flor então se acalma
volta a adormecer
e sonha que está pousada
na fonte do amanhecer.
Abre os olhos, flor
suas pétalas a se mover
estás viva por amor
veio a manhã a lhe dizer
tudo está em seu lugar
o medo não te venceu
teu perfume inunda o mundo
tua vida floresceu.
Antonio Olivio
Antonio Olivio