Vi de repente
você partir.
O que já era coisa esperada,
virou premente.
Vi você negrir,
mas sugeri:
era coisa de dengo,
de amor ferido,
de chagas abertas,
de aparatos sem tempo.
Coisas passageiras
que o tempo se distrai
e acaba por esquecer.
Mas você se foi
assim como chegou:
avessando duas malas e
uma cachemira vermelha.
Chegou igual a uma garoa!
O tempo passou e você
nunca ficou;
mas troxe o desagrado
coisas que surgem e se
abanam de solidão.
Então a história se fez:
um dia você partiu
e de lembranças só
deixou
uma roça lavada.
Mas o que vive
com muito ardor
acaba morrendo
na imensidão
da dor !
E um dia esperei em vão,
na estação do trem,
cuja missão é ir e voltar.
Mas não foi assim :
aquele trem remisso
trouxe fumaça
e mil cadeiras
vazias e sem fim.