Hoje, sonhei com grande amigo de outrora
e com o meu Poodle Toy.
O Toy a descer fundo numa límpida água,
assim eu o via.
Imóvel com as pernas estendidas
a afogar-se, não tentava o nado.
Com pernas de rigidez articular pela avançada idade,
ele afundava em postura elegante.
Límpida estava a água...
Nem bolhas de ar flutuava dos pulmões,
Aquele corpinho branco, solitário e senil, em meio aquático, parecia aceitar o seu destino...
A cena projetou em mim um mau presságio...
No entanto, foi salvo pelo amigo do meu amigo...
Já acordado, o jato da minha urina reagia à contração vesical.
Percebi, ao espelho, a entrada da calvície frontal ainda mais ampla.
Observei que as bochechas descaídas carregavam o ângulo bucal,
Os olhos reduzidos e fundos nas dessecadas órbitas,
encimadas por sobrancelhas
espessas e encanecidas.
Em seguida vi meus braços decadentes
pela sarcopenia.
Achei-me sem alento.
E sem querer, ao menos, ter recordações,
pois pressenti que o fim me estava próximo.
Aceitei, conformado, a sentença:
Desprezei o ter zelo pelas fotos,
e até pelos vídeos de filmes
dos anos sessenta,
tidos por raras recordações.
Por serem, então, inúteis, e tão fúteis...
Uma desilusão profunda me adveio ..
Uma tristeza sem fronteiras.
Um presságio do final.
Sem ilusões, inerte me quedei...
E o meu dia se fez assim,
numa vertigem...
Sem esperança!!
Tangará da Serra, 04/12/2023.
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