O.Neto

Carta a meu eu

 

Onde é que se perdemos, pode me falar?
Você que sonhava em dominar o mundo;
Que viajava lendo Machado de Assis;
Brincava de ser poeta e pensava que seria o próximo Vinícios de Moares;
Tu que cantava  Caymmi;
E entoava Joao e Maria,
Onde estas tu?


Vejo teu brilho se esvaindo, corre;
Teu sorriso já está amarelado;
Teus olhos já não brilham mais;
Onde te perdeste velho amigo;
Companheiro de outra hora.
Sorri mais uma vez!
Faz teu coração bater;
Teu sangue pulsar;
Grita ao mundo;
Brada aos quatro ventos, as mais belas besteiras;


Porque sem tu não existe eu,
Porque sem eu não existiria tu,
Visto que nós somos, tu e eu um triste e degrado reflexo no espelho de um quarto qualquer.