Vou mudar-me daqui, estou cansado,
A igual visão diária me perturba. Doutro lado da rua, o telhado
tem a mesma diária mudez...
Vou mudar-me!!
Não sei, mas aquele telhado doutro lado
tem a sisudez sinistra de um auguro.
Parece adivinhar meus pensamentos...
Com aquele telhado eu dialogo...
Ele com a sua nudez do sem sigilo.
E eu com a minha introversão de um solitário...
Vou passar... e aquele telhado faz-se eterno.
Ele me afronta e me destroça, antecipadamente.
Sinto-me triste, até de mim tenho dó,
nessa mesmice.
Gostaria de uma úlcera na perna,
ou de uma dor crônica para me ensimesmar.
Uma hipertensão, uma diabetes
para entreter-me preocupado.
E não ter relação alguma com aquele telhado.
Vou mudar-me daqui.
Quero ver o horizonte, as nuvens, o azul do céu, que daqui não vejo.
Quero ouvir sons musicais de algum clube em festa,
ouvir gritos de gente alegre nas ruas,
mulher bonita com tornozelos em saltos altos, e sua dinâmica.
Quero ver árvores na rua com passarinhos em festa.
Mendigos a domirem no passeio.
E o odor nojento da sujeira deles.
Zoeira de um bar, à noite, e cheiro de cerveja.
Ver monte de gente passando, sorrindo e eu me desviando pra neles não me esbarrar...
Carros a esnobarem sendo de modelo elétrico... Quero sentir que vivo ao ver a vida!
E não este telhado mudo e morto...
Vou mudar-me daqui...
Quero ver gente e não este telhado...
Uma metrópole, talvez.
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Quero sair daqui...
Afinal aonde vou?
Não me lucra fugir,
Eu sempre o mesmo sou!!
Quero sair daqui...
Mas que tanta bobagem
Comigo me terei
Com a mesma bagagem!!
Não gosto mais daqui...
Eu sei que me prejulgas:
Aonde o cachorro vai
Com ele vão as pulgas!!
Tangará da Serra, 02/12/2023.
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