Ó nuvens brancas, calmas e sem dores,
Que no céu andais sobre os outeiros,
É tão belo o poente como as flores
Na mortalha de remotos nevoeiros:
Nuvens brancas, minh\'alma sem plangores,
Floresceste como alvos jasmineiros,
E os prados encobertos por palores,
Já ficastes a olhar dias inteiros:
Havia rosas no jardim e açucenas,
Sinos que dançavam sobre as ermidas
No vagar das névoas tão serenas...
Lembravam, vós, a mística consorte,
Ó nuvens, trêmulas, como essas vidas
Que andando vão seguindo para a morte.
Thiago Rodrigues