Abel Ribeiro

Solidão e paz

 
Parei na esquina barulhenta
Olhei o movimento de carros e motos
Pessoas e fotos
Gritos e sons
Tudo meio remoto
 
Então um mistério...
Solidão e paz não convivem?
Paz sem solidão não existem?
Estar só é solidão?
Multidão e solidão não coabitam?
 
A paz pode estar ali
Na companhia do outro
Na nossa companhia
No amar-se bem do remédio
Na singularidade do olhar pra si
 
A casa no campo
A Beira da praia
O alto da montanha
O silêncio da Mata
O canto dos pássaros
Podem ser ponto de encontro
Entre o eu, o ele e o nós
Só vós direis quem és
Se encontrar não é fácil
Homem - homem
Homem - natureza
Mulher - homem
Rara beleza
 
O gênero e a espécie
O todo e a parte
A mente e corpo
Não esquece.
 
Agora eu sei
Liberdade tem ego
E eu não me entrego
A procurar sossego
                    (Este!)
Começa quando?!
Cansado da espécie
Dá estúpida humanidade desumana
Presa aos dramas
desencontrada do segredo de si
que vive da fofoca dos outros
                                 (Eu!)
Tantas vezes reles
Tantas vezes vil
Encontro na paz de mim
No meu aconchego.
Abel