Sinto dizer,
Mas estou indo embora da vida
Deste lugar de sonho vivido
Estou indo...
Levarei comigo, tudo que criei
O rosto da última noite,
Estará comigo eternamente.
Pelo ainda nada, para aonde eu for
Levarei o sol nos meus olhos,
E todas as cores que plantei no horizonte.
Para o vazio também levarei,
Os amores que nasceram em mim
E cresceram na minha frágil permanência.
Levarei comigo as sementes
Que de mim brotaram
E os amendoins que se alastraram
Na minha estrada construída de esperanças.
Quando eu completar minha jornada,
Nada mais do que é meu , ficará aqui
Levarei tudo comigo
No fim do que sou nesta matéria
A morte me aparecerá, de repente
Como um interruptor
Para me desligar do mundo...
Talvez eu tenha tempo
De pedir perdão àqueles que amo
Na minha hora final
E neste momento, como um Deus
Eu possa ver toda a minha criação
O nada, o início e o fim
Quem sabe eu poderia ouvir
O som da minha ausência física
Em choros ou graças
Em lágrimas ou sorrisos
Em vozes ou silêncios.
Certo mesmo é que partirei
E todo o universo irá comigo
Serei eu a voar como estrelas
Procurando um novo começo
Onde talvez poderei renascer
De outro vazio...
Para nele colocar meus tesouros
A luz, o amor, as sementes
A noite brilhosa, as manhãs
Os sorrisos, os perfumes
As memórias das pessoas que escolhi
Tudo que sou para um dia ser novamente
Em outro mágico lugar.
Mas tem algo de mim
Que jamais poderei levar daqui:
O que de mim está em você,
A eterna sensação do meu abraço
O toque dos meus lábios
As minha músicas nos teus ouvidos
O meu cheiro nos teus arredores,
A minha presença nos teus sonhos
O Pouco do meu sangue nas tuas veias
A minha poesia no teu silêncio
Será eu ainda vivendo
Na tua vivência...
Antonio Olivio