Antonio Olivio

Para sempre

Sinto dizer,

Mas  estou indo embora da vida

Deste lugar de sonho vivido

Estou indo...

Levarei comigo, tudo que criei 

O rosto da última noite,

Estará comigo eternamente.

Pelo ainda nada, para aonde eu for

Levarei o sol nos meus olhos,

E todas as cores que plantei no horizonte.

Para o vazio também levarei,

Os amores que nasceram em mim

E cresceram na minha frágil permanência.

 Levarei comigo as sementes 

Que de mim brotaram

E os amendoins que se alastraram

Na minha estrada construída de esperanças.

Quando eu completar minha jornada,

Nada mais do que é meu , ficará aqui 

Levarei tudo comigo 

No fim do que sou nesta matéria 

A morte me aparecerá, de repente

Como um interruptor 

Para me desligar do mundo...

 

Talvez eu tenha tempo

De pedir perdão àqueles que amo

Na minha hora final

E neste momento, como um Deus

Eu possa ver toda a minha criação

O nada, o início e o fim

Quem sabe eu poderia ouvir

O som da minha ausência física

Em choros ou graças 

Em lágrimas ou sorrisos

Em vozes ou silêncios.

Certo mesmo é que partirei

E todo o universo irá comigo

Serei eu a voar como estrelas 

Procurando um novo começo 

Onde talvez poderei renascer

De outro vazio...

Para nele colocar meus tesouros

A luz, o amor, as sementes

A noite brilhosa, as manhãs 

Os sorrisos, os perfumes

As memórias das pessoas que escolhi

Tudo que sou para um dia ser novamente 

Em outro mágico lugar.

Mas tem algo de mim 

Que jamais poderei levar daqui:

O que de mim está em você,

A eterna sensação do meu abraço 

O toque dos meus lábios 

As minha músicas nos teus ouvidos

O meu cheiro nos teus arredores,

A minha presença  nos teus sonhos

O Pouco do meu sangue nas tuas veias

A minha poesia no teu silêncio

Será eu ainda vivendo 

Na tua vivência...

 

Antonio Olivio