Isabele Farias

Quem eu sou agora

Eu já não me reconheço mais
Já não sei mais o que sinto
Já não vejo mais o que via
Já não sou mais o que eu era
 
Já não sei mais oq eu quero
Já não sei pra onde vou, ou
o que eu devo fazer, pois já
faz algum tempo que eu
Não me sinto mais a mesma
 
Hoje tenho muitas dúvidas
Sem poder compartilhar
Sem dizê-las em voz volta
Sem tirá-las do meu peito
 
E elas ficam lá gritando
Implorando pra sair
Eu tentando ignorar, mas
é difícil não as ouvir
 
E eu tento segurá-las
Mas estou perdendo
as forças, não sei mais
Por quanto tempo vou
Vencer essa batalha
 
Pois eu já não sou mais
a mesma, não me sinto
Mais tao forte, já não tenho
mais todo aquele amor que
Um dia tive por mim
 
Minha cabeça anda tão confusa
Se eu estou fazendo errado
em estar ao lado de alguém
Que eu faço feliz, quando na
verdade eu não estou
 
E eu tento me convencer
de que isso irá durar, de
que eu aguento mais um
pouco, e que tudo vai voltar
 
Voltar a ser como era lá no
início da história, em que eu
Me amava por completo
Vivendo um amor recíproco
 
Mas será que é possível
Depois dessa traição?
Se já não sei mais o que sinto
Depois disso será o que então?
 
E eu ando tão dividida
Não sei mais o que pensar
Cansada dessa rotina
Cansada de estar perdida
 
Dividida entre extremos
A mente e o coração
Um pedindo pra ficar
Outro dizendo que
Não tem jeito
 
Pedindo pra arrancar
do peito, de uma vez só
Tirar logo esse band-aid
Mesmo que eu sinta dor
 
Pois a dor será de momento
E uma hora irá passar
Mas o que está do lado
de dentro, de certa forma
Ainda bate por ele
 
Então eu me encontro
Sem saída, sem saber
O que fazer: tirar logo
O curativo e esperar
Cicatrizar?
 
Ou viver com a dúvida
constante se um dia
vou conseguir esquecer,
Se um dia vou conseguir
Desculpar?
 
Mas a mente não vai
esquecer, a voz da razão
enaltece, coberta pela do
Coração, que suplica
“dê mais chance”
 
Mas, mais uma chance
pra que? pra viver com
Essa culpa em mim?
Estar sempre desconfiada?
Não é tão simples assim
 
Os lados já foram ouvidos
Ambos deixaram seus pontos
Mas ainda não tem veredito
Preciso pensar mais um pouco
 
Pressionada contra a
Parede, preciso me decidir
Colocar as cartas na mesa
Colocar os pingos nos ‘is’
 
Pois pra mim, chega de
Pensar, acho que já foi
O bastante, eu sabia que
Não seria fácil, mas quem
Diria que se seria tão difícil
 
Eu só me sinto tão cansada
De fingir que eu sinto
nada, de fingir que isso
Não me afeta, e transparecer
Que estou bem
 
Como ele pode simplesmente
fingir que nada aconteceu
Fingir que é nada, viver
tranquilamente fingindo
Como ele pôde?
 
Sem culpa, sem remorso
Sem ter o que dizer
Desculpas esfarrapadas
Agir como se não fosse
Grande coisa
 
Eu não posso aceitar isso
Alguém que finge que
não traiu, e se ele também
Está fingindo me amar?
 
Quem ama não trai, esse
É o meu dilema, mas e
As consequências, onde
Tudo vai parar
 
Eu também ando fingindo
Fingindo que não sinto
Fingindo que sinto
Fingindo que ignoro
 
Pois isso se remói em mim
Como ele não percebe? ele
não pode simplesmente achar
que tudo vai voltar ao normal
 
Porque nada tá normal, eu
não tô normal, ele não tá
normal, isso não tá normal,
muito pelo contrário
Isso tá ficando tóxico
 
E vivendo normalmente
Nessa loucura de rotina
Vou chegar até o ponto
De ficar fora de mim?
 
Pois mesmo não sabendo
O que sinto, mesmo não
sabendo o que eu quero
Mesmo não me reconhecendo
mais, uma coisa reconheço
 
Reconheço que não vou
esquecer, reconheço que
Não vou superar, reconheço
Que não confio mais
 
Reconheço que não há mais
desculpas que façam voltar
no tempo, voltar a ser como
Era antes, voltar ao NORMAL
 
Pois à essa altura, já está
muito longe disso, reconheço
meu coração partido
E isso deveria bastar.