Jose Kappel

A Palha, o Açúcar e o Rústico

 

Tudo como se fosse novo:
a palha, o rústico, a forma.

Tudo como se fosse de uma vez
só:
o breu, o cáustico, a solda.

Lampeja: você se envolve e
quando acorda
não percebe
a perca de seu voo.

Você planeja sua vida em
ritmo de aluguel.
rende mais sal do que
o pleno açúcar.

Depois, não vá rastejar:
o chão é bruto,
não tem ângulo,
você é a forma
sem conteúdo!

Dá de lá, pega daqui.
Tudo numa rifa infernal,
onde as coisas do coração
ficam especiais:
lentas e sombreras.

Se você quer ser você,
já não pode, porque o
vazio já tomou
seu lugar.

E se você é o anfitrião da dor,
menos mal.
A fruta não sola a terra,
o sol não vinga sua força,
a sombra reina soberana:
em sua última peça.

Tratava do sol e do nó,
arguto sistema de nós dois.

Quando você partiu
simplesmente nos deixou, sós.

Mas se a vida vale alguma coisa,
não vale sem você.

Fica tudo vazio,
sem bordas,
chameado de
falsa sinceridade:
é troco enganado,
é voz engasgada,
é muro de pedra.

Assim, pra te alcançar outra
vez,
só mesmo da outra vez;

Quando o mundo cansar
de dar voltas,
e parar de repente.

Ai será a volta
do reino canelado
na minha vida
já tão amargurada!


Você dança açucarada
à luz de estrelas.

A mim me basta, 
virei sal e açúcar
e caminhei insólito
para o nada.