SAUDADE À MEIA-LUZ
Saudade me vêm do passado
E não assim tão distante
De ter um amigo do lado
Poeta de rimas, fadado
Ao menos que seja um instante
Às vezes eu sou consolado
Por luas no céu, deslumbrantes
Por versos do bardo amigo
Que diz, eu torço contigo
De um dia tudo ser como antes
Mas, quando o céu escurece
E nuvens cobrem, qual manto
Eu peço à Deus numa prece
Antes que o dia amanhece
Eu possa compor outro canto
Assim, rabisco às escuras
Sozinho, e sob à meia-luz
Escrevo de amor e agruras
Sem esquecer das mesuras
E da minha fé em Jesus
Saudade daqueles folguedos
Especialmente São -Joões
A gente acordava bem cedo
Contando as horas nos dedos
Pra ver a fogueira e os balões
Lembrança do ensino primário
Da querida cidade natal
Do Cristo do Monte Calvário
Das festas de aniversário
E a Pracinha da Catedral
Saudade da rua encantada
Meu mundo, num só quarteirão
As tardes deitar na calçada
Da menina de saia plissada
Primeiro amor, primeira paixão
Se diz que lembrar do passado
Duas vezes podemos sofrer
Me acho predestinado
Vendo o que tenho lembrado
Quanto valeu a pena viver
Dei a vida, em parte, à poesia
O restante ao que ela me induz
A saudade um poema atavia
Se um verso me traz nostalgia
Subscrevo mesmo à meia-luz
( Elfrans Silva )