No que me julgas, fazes como o gume a adentrar superfícies incômodas. Julgas, como julgo. Condenas como condeno. És como sois. Como me defines, definhas em tua face, por não me tornar tua moldura. Estou à sombra de teu azar.
Teu escárnio. Zombaria sombria de teus tormentos.
És a figura morta de teu próprio martírio. A fulgura máxima de tuas ranhuras.
Condeno-te por ser condenada por ti; mato-te, revigoro-te, renego-te, assimilo-te a mim. À nossa corpulenta sorte, aflição, desatino desapercebido.
Mata-se, mata-me. Mata a tudo; a sorte, a perspectiva, a angústia, a vida.
Escarra, berra, molda-me.
Mata-te.
Em profunda desigualdade, impiedade. Mata-te d’uma vez! Sem voz, sem ruído.
Mata-te sem prenuncia. Mata-te. D’uma vez.