//meuladopoetico.com/

Emanuele Sloboda

Sordideza

No que me julgas, fazes como o gume a adentrar superfícies incômodas. Julgas, como julgo. Condenas como condeno. És como sois. Como me defines, definhas em tua face, por não me tornar tua moldura. Estou à sombra de teu azar. 
Teu escárnio. Zombaria sombria de teus tormentos. 
 
És a figura morta de teu próprio martírio. A fulgura máxima de tuas ranhuras. 
 
Condeno-te por ser condenada por ti; mato-te, revigoro-te, renego-te, assimilo-te a mim. À nossa corpulenta sorte, aflição, desatino desapercebido. 
 
Mata-se, mata-me. Mata a tudo; a sorte, a perspectiva, a angústia, a vida. 
Escarra, berra, molda-me. 
 
Mata-te. 
Em profunda desigualdade, impiedade. Mata-te d’uma vez!  Sem voz, sem ruído. 
Mata-te sem prenuncia. Mata-te. D’uma vez.