Sou um anjo
Anjo ferido
Tocando banjo
Minhas asas sangraram
Minhas asas faliram
Já só consta um triste gemido
Tomei um copo de vinho
Fraco, o copo se partiu
No seu interior continha um espinho
O consumi e o meu coração se feriu
O sangue escorreu
Tu com prazer o bebeste
Nessa noite fomos dois sangrentos
Dois pobres sedentos de seiva
Repletos de ferimentos...
Agora vamos para o céu
Vamos engolir a dor
Esse cálice de sangue
Que minha orquídea com satisfação bebeu
Hoje amantes desolados
Em tom bélico
Desafiamos o céu que sorri maquiavélico
Que bota nossos corações em uma cela e os deixa uma vida inteira enjaulados
A meu ver
Tenho olho despedaçado
Sorriso rasgado
Impossível me mover
Meu braço a custo se estende
O teu já todo fraco a rastejar
Por fim sem forças se rende
Tudo pelo céu corado, esse robusto alvejar
Meu coração ainda bate
Nisto se dá um segundo tiro
Abate ao meu coração!
Solto um último suspiro
Atentado ao anjo
Atentado ao paraíso
Orquídea aquém
Anjo refém
Dor no além