OLHANDO O TEU RETRATO
A tarde morre tristonha... Languidamente,
Enquanto a noite se aconchega mansamente,
Na imensidão inda esmaltada de rubi...
Dentro do peito o coração em desalinho
Vai se esvaindo entre lágrimas sozinho,
Carpindo as dores de um passado que vivi...
A paisagem é uma pintura sideral,
É obra-prima de um amor transcendental
Que há milênios foi pintado noutra estância!
E o murmurar da doce brisa na folhagem
Traz-me de volta, num soprar, a tua imagem,
Que no instante estaca o tempo e a distancia!
Na penedia escuto um grito a me chamar,
Mas me dou conta de que apenas ouço o mar
A me bramir esta saudade secular!
E as brancas ondas espocando no rochedo,
São como dor batendo n!Alma, num segredo,
Que o próprio amor não me permite revelar!
Nelson De Medeiros