joaquim cesario de mello

QUASE NADA

 

É pouco

muito pouco

tanto pouco

que chega a ser quase nada

 

Mas como Pessoa

não sou nem posso querer ser nada

apesar de não ter os sonhos todos do mundo

trago em mim meus sonhos não consumados

 

É pouco

muito pouco

tanto pouco

que chega a ser quase nada

 

Mas antes que chegue a hora combinada

em que minha alma imortal retornará

ao pó da areia em que não fui retirado

vou arrancar do quase o que puder usurpar

para plantar no sítio que me cabe na vida

o pomar cujas frutas que até lá irei sugar

 

É pouco

muito pouco

tanto pouco

que um por um triz

ainda não se tornou nada