Porque à noite eu coleciono as coisas das
quais eu sinto muita falta. E é à noite que eu
desmaio na palavra. As sombras deste quarto
lembram-me doutras sombras – as interiores.
E por quê? Porque é sempre de noite.
As paredes das quais vou sentir falta...
A vista da janela antiga que já me falha à memória...
A nova, que já é antiga e que, portanto, já marcou outro
pedaço de história. Aos detalhes sou devota.
O piano imaginário que eu tocava agora dói...
Quando o sol nasce e se põe eu me lembro sempre...
Para os outros estes serão apenas barulhos,
para mim, pedaços em mim ausentes e assentes.