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Sangue fluído

Escrevi uma última carta, talvez para alguém ler 
Eu não gostava de mim, achava que tudo estava errado 
Sobrevivi a tantas coisas, aí veio você e beijou meu coração 
Agora, meu sangue está fluindo, rosas e galhos estão nascendo das minhas veias 

Morda meu pescoço, finque seus dentes nas minhas orelhas 
Roube minha visão, como uma árvore, eu vou voltar por ter raízes demais 
Eu não gostava de mim, eu gostava dos seus olhos 
Agora tudo se extinguiu, queimou, apagou, cortou meu tronco e me deixou 

Sangue fluído, derramo no chão e dele cresce outras sementes 
Congele meu cérebro, diga que sou seu
Enquanto reclino minha cabeça, se envolva em meus braços num abraço eterno 
Beije meus sentimentos, diga que se importa, só para me cortar de novo 

Nem entendem, nem eles poderiam entender 
Essa superficialidade das pessoas, que não cultivam seus próprios sentimentos 
Morda meu pescoço, derrame meu sangue fluído
Enquanto enche suas mãos, colha as flores que nascem da minha pele e apare as minhas raízes 

Talvez eu queria ser jardineiro, talvez eu queira ser uma planta cuidada 
Talvez eu queira ver o mundo passar, talvez eu queira um amor para amar
Talvez eu esteja em transe, talvez eu esteja com dores 
Talvez eu esteja aqui, talvez não esteja ali, talvez eu não esteja no seu coração 

Meu sangue fluído, que derrama todo dia 
Olhe nos meus olhos, diga que sou importante, diga que meus braços são seus, diga que eu estou fazendo o certo...