Ah rosas minhas
Ora caladas se põem a falar
E as pétalas encolhidas
Tímidas como suaves ventos
Exalam teu perfume
Aromas do fomento
E teu arbusto lenhoso
Escuta o meu lamento
Cultivadas na Borborema
As arvoretas do ameno
As bromélias e os jasmins
Se abraçam no encantado sereno
As pétalas que inda dobram
Fazem pareia com o pensamento
São estradas do que se foi
No orvalho do firmamento
O tempo doce que passa lento
O Broto, a serra e o rio
A oração e o desavento
A Capela nas Alagoas que deixei
E tu hoje de olhar manso
No teu rosto de acalanto
Faz parte da minha memória
Feito teu tu escondido
E o eterno enxerido
Que teima em nos arrastar
Mas as pétalas do ninar
Encostadas ao olfato infinito
No teu solo da história
Da seiva és meu cupido
No rosto as dobras do que se foi
No fundo a raiz junta ao molhado abrigo
E os meus brancos cabelos
Desfrisados pelo moinho de vento
Presos a eternas juras
Adubos de bons momentos
Corre o menino contador
Com seus sonhos e suas lutas
Na Gravatá que assentei
Enquanto ao longe se avista
‘O tempo brincando ao redor do que plantei’.
Roberio Motta
“Flores de Gravatá”
Em homenagem ao Prof.Dr. José Roberto de Almeida
05 de 9Vembro de 2023. SBAD Rio de janeiro, RJ 2023